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FAKENEWS: É falso que Universidade de Oxford concluiu que ivermectina é eficaz contra a Covid-19

 

Circula pelas redes sociais que a Universidade de Oxford afirmou que a ivermectina reduz a replicação do novo coronavírus. A universidade britânica está testando o medicamento antiparasitário como um tratamento possível para a Covid-19, em estudo apoiado pelo governo britânico para auxiliar a recuperação de pacientes em contextos não hospitalares. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado.

A informação analisada pela Lupa é falsa. Pesquisadores da Universidade de Oxford não concluíram um estudo que demonstra que a ivermectina reduz a replicação do SARS-Cov-2, vírus que causa a Covid-19. Na verdade, a universidade anunciou, apenas, que iniciará estudos clínicos com o medicamento. Em comunicado à imprensa, a instituição menciona que estudos in vitro demonstraram que a droga pode reduzir a replicação do vírus, mas conclui que há pouca evidência, até o momento, de que ela sirva para acelerar a recuperação da doença — e, justamente por isso, o remédio será estudado de forma mais aprofundada.

A Universidade de Oxford iniciou em 23 de junho um ensaio clínico para testar se a ivermectina funciona no tratamento da Covid-19. O medicamento foi incluído na Plataforma de Ensaio Randomizado de Tratamentos para Epidemias e Doenças Pandêmicas (Principle, na sigla em inglês), maior ensaio clínico mundial de possíveis medicamentos contra a doença, sob o argumento de que, em estudos laboratoriais, resultou na redução da replicação do vírus. Isso não quer dizer que os testes comprovaram os benefícios da ivermectina, pois eles nem mesmo começaram.

As justificativas para incluir o antiparasitário no estudo foram tiradas de contexto para dar a entender que eram resultados consolidados da Universidade de Oxford. Na verdade, o site da instituição britânica explica que a ivermectina foi incluída no Principle porque estudos in vitro mostraram que reduziu a replicação do Sars-CoV-2 e também porque um pequeno estudo piloto mostrou que administrar o medicamento antecipadamente poderia reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros leves. No entanto, no mesmo parágrafo a universidade destaca que “há pouca evidência de ensaios clínicos randomizados em grande escala para demonstrar que ela pode acelerar a recuperação da doença ou reduzir a internação hospitalar.”

Um dos pesquisadores responsáveis pela plataforma, o professor Chris Butler, inclusive afirmou que, ao incluir a ivermectina num ensaio em grande escala como Principle, espera-se “gerar evidências robustas para determinar a eficácia do tratamento contra a Covid-19 e se há benefícios ou danos associados ao seu uso.”

A ivermectina é o sétimo tratamento a ser investigado pela plataforma Principle e atualmente está sendo avaliada juntamente ao antiviral para gripe favipiravir. Vale pontuar que, em janeiro deste ano, a Principle concluiu que os antibióticos azitromicina e doxiciclina não são tratamentos eficazes contra a Covid. Por outro lado, estudos conduzidos neste programa mostraram evidências provisórias da budesonida inalada — primeiro medicamento eficaz do Reino Unido para tratar a doença em pacientes em casa. Os pesquisadores concluíram que esse fármaco, usado para tratar asma, pode reduzir o tempo de recuperação em uma média de três dias. Desde então, o tratamento foi incluído nas diretrizes clínicas para o tratamento de Covid-19 em estágio inicial no Reino Unido, Canadá e Índia.

Primeiros testes com ivermectina começaram em 2020

A ivermectina passou a ser disseminada como possível tratamento da Covid-19 depois que um estudo, publicado na Antiviral Research em junho do ano passado, indicou que a droga foi capaz de inibir a replicação do coronavírus em testes in vitro, ou seja, fora do organismo de um ser vivo. No entanto, dezenas de pesquisas feitas posteriormente indicaram que as evidências até o momento são insuficientes para comprovar eficácia. 

Em janeiro deste ano, por exemplo, uma pesquisa publicada na revista científica Lancet concluiu que, embora a ivermectina consiga inibir a replicação do coronavírus em laboratório, a concentração da substância não é facilmente alcançada em doses para seres humanos e, portanto, as evidências são limitadas para apoiar o uso clínico em pacientes com Covid-19. 

A atualização mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as opções terapêuticas potenciais contra a doença (página 54), publicada em 23 de junho deste ano, analisou 29 estudos randomizados com ivermectina e concluiu que os indicativos ainda são insuficientes em relação a benefícios para pacientes com Covid. Em 31 de março, a OMS anunciou que as evidências atuais sobre o uso de ivermectina eram inconclusivas e recomendou que o medicamento fosse utilizado apenas em ensaios clínicos. A conclusão foi baseada em dados obtidos em 16 ensaios clínicos, incluindo pacientes internados e ambulatoriais.  

 

Fonte: UOl.com.br

 

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