Ninão, garante cirurgia de amputação da perna e implantação de prótese
Depois de enfrentar inúmeros obstáculos por causa da estatura, Joelison
Fernandes da Silva, de 36 anos, que é considerado o homem mais alto do
Brasil, medindo 2,37 metros, conseguiu garantir a cirurgia necessária para
amputar a perna direita, devido a uma infecção, e a implantação de uma prótese
para conseguir voltar a andar. Ninão, como é popularmente conhecido, atualmente
não consegue andar e nem ficar de pé por causa da infecção provocada pela
osteomielite.
Pesando mais de 200 quilos, mesmo tendo se acostumado a fazer as
atividades diárias com o suporte da cadeira de rodas, ele explicou que “a maior
dificuldade agora é a locomoção por dentro da casa” onde mora, em Assunção, no
Sertão da Paraíba.
Ninão foi diagnosticado com osteomielite há cerca de quatro anos e meio,
mas já sofre com os sintomas da doença há aproximadamente uma década. A
infecção, que pode ser causada por bactérias ou fungos, atinge o osso, tendo
como um dos principais sintomas a dor. Em uma campanha na internet, ele
conseguiu arrecadar R$ 149.322,47 para as cirurgias.
“Eu não sabia o que era. Fui diagnosticando quando já tava muito avançado [o comprometimento da perna]”, revelou.
Quando recebeu pela primeira vez a recomendação de amputação do membro,
depois de mais de três meses internado, ele resolveu voltar para casa, em uma
cadeira de rodas. O objetivo era a busca de outras opiniões médicas.
Mas, para a decepção dele, a reposta para uma melhor qualidade de vida é
sempre a mesma: amputar. Por isso, junto com a família, ele optou pela cirurgia.
“É uma decisão dura e dolorosa, mas pra eu ter uma vida normal, é mais fácil andar com prótese do que com o pé. A gente decidiu fazer a amputação com a esperança de uma vida melhor, de voltar a caminhar, andar, trabalhar, que era o que eu fazia antes. […] Eu era muito feliz com isso”, desabafou.
Dificuldade de locomoção impediu Ninão de trabalhar
Ninão também precisa de medicamentos para conter a infecção. Os gastos
mensais com remédios são de aproximadamente R$ 500, quase metade da renda da
família.
Desde que se locomove em uma cadeira de rodas, ele não consegue
trabalhar, e lamenta pelas oportunidades perdidas. Antes da infecção, ele
costumava fazer comerciais e era convidado para participar de eventos pelo país
inteiro.
Atualmente, o paraibano mora com a esposa. A renda do casal corresponde
a um salário mínimo, da aposentadoria que ele recebe desde 2012, e de alguns
trabalhos de decoração que a companheira dele faz. As doações dos amigos também
têm auxiliado.
‘Passei 21 anos da minha vida
escondido num sítio porque tinha vergonha’
O paraibano, natural de Taperoá, descobriu o gigantismo aos 14 anos,
quanto media 1,95 metro. Teve a opção de fazer uma cirurgia para parar o
crescimento, mas não fez por medo dos riscos do procedimento. Parou de crescer
há quatro anos com a ajuda de remédios.
Antes de se tornar uma celebridade, Ninão tinha vergonha de todos os
olhares de admiração voltados para ele.
“Sofri, sofri muito. Passei 21 anos da minha vida num sítio porque tinha vergonha de vir na cidade. O povo olhava. Parei de estudar também devido a isso”, lembrou o gigante.
Depois que ficou nacionalmente conhecido, ele conseguiu retomar os
estudos e concluir o ensino médio. “Fui me acostumando com as pessoas”,
finalizou.
Por G1 PB
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