Certificados falsos de vacinação são vendidos nas ruas do Rio por até R$ 200
Nesta
sexta-feira (21), PMs do 5º Batalhão (Gamboa) prenderam quatro homens que vendiam ingressos
e comprovantes falsos de vacinação próximo ao AquaRio.
No Centro, com uma câmera escondida, a equipe
de reportagem filmou o vendedor negociando o comprovante de vacinação.
“Cartão de vacina, meu amigo, estou vendendo a R$ 200 aí. Vem em branco, assim.”
O vendedor
mostra um cartão de vacinação no celular e afirma que o cartão é o mesmo dado
nos postos de saúde. Segundo ele, o próprio comprador deve preencher.
RJ1: Então preciso eu preencher”.
Vendedor: “Tu mesmo. Aí tu só tu copiar o que está aqui. Aqui CF Clínica da Família São José. Aqui tu só vai mudar o nome da pessoa. O nome vai botar o teu. Primeira dose tu bota uma data lá. Aí segunda dose tu bota outra data pra tu voltar, no caso. Entendeu?”
Após uma negociação, o vendedor entrega um comprovante de vacinação em branco da Prefeitura de Mesquita. Um outro homem se junta ao diálogo.
RJ1: “Isso aí é quente, bagulho é da Prefeitura de Mesquita mesmo”.
Vendedor: “Prefeitura de Mesquita”.
O vendedor
anota o número de telefone dele e, no bilhete, se identifica como Guilherme.
Por mensagem, horas depois, ele enviou duas fotos com o que seriam exemplos de
um cartão em branco e outro preenchido. O cartão tem o nome da clínica do
bairro Santa Terezinha, em Mesquita.
O comprovante é igual a outro, autêntico, de uma pessoa que se vacinou no mesmo posto, na mesma cidade.
Guilherme,
o vendedor, garante que ninguém teve problemas com os comprovantes
falsificados.
Vendedor:“Semana passada a menina pegou 10 comigo”.
RJ1: “Dez?”
Vendedor: “Ela não estava fazendo questão de os funcionários dela tomar a vacina então ela mesmo comprou dez para dar para os funcionários dela. Bagulho é quente, pode ficar tranquilo”.
Ele conta que também usa um cartão falsificado: “Para entrar no Fórum. Eu tive que ir lá no Fórum ver um negócio em um processo lá. Eu não tinha tomado a vacina. Eu peguei um, preenchi, fui lá e o cara só fez assim: ‘pode entrar’. Estou entrando em tudo quanto é lugar com ele. Eu mesmo tenho um”, afirmou o vendedor.
A venda de cartões de vacinação não acontece
apenas no Centro. Ao lado do Bioparque, na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte
do Rio, tem cambista que vai além da venda de ingressos. Gente que percebeu a
chance de ganhar dinheiro com a exigência do passaporte da vacina em pontos
turísticos.
RJ1:“Vem cá, tu sabe se lá eles estão, estão pedindo aquele...”
Vendedor: “Cartão de vacina?”
RJ1: “É”.
Vendedor: “Estão, vocês têm?”
RJ1: “Não”.
Vendedor: “Eu faço on-line aqui para o senhor”.
De acordo com o esquema, os fraudadores fazem uma versão on-line de um comprovante de
vacina para ser apresentado na entrada. Quem vende afirma
que não há problema.
“A gente pede outras pessoas para fazer, para mandar para a gente, para gente não ter que fazer, entendeu? Porque já mexe com a área de saúde, esses bagulhos. Não é nem p**** nenhuma. Isso é só um bagulhinho feito. Um cartãozinho, no computador, que o cara bota o nome para tu poder entrar. Eu geralmente não gosto de fazer. O cara cobra R$ 20 para fazer isso”
O homem passa dados de pagamento a uma
cliente que comprou dois ingressos com ele.
Tudo acontece a poucos metros de uma viatura
da Polícia Militar, ao lado de um agente da Guarda Municipal e de um ônibus da
corporação com a inscrição “Prefeitura do Rio no combate à Covid-19”.-
Homem flagrado vendendo certificado de vacina falso questiona:
'Não tomou vacina por quê?'
Cambista:
Apesar de oferecer cartões de vacinação forjados, o vendedor parece ter alguma consciência sobre a pandemia.
“Agora, se o senhor quiser mesmo, o certo é o senhor tomar a vacina, entendeu? Tem que tomar a vacina. Não tomou a vacina por quê?”, questiona.
O que dizem as
autoridades
A Polícia Civil afirmou que a Delegacia do
Consumidor possui investigações sobre o assunto.
A Guarda Municipal afirmou que, a partir das
imagens veiculadas, iria verificar a conduta dos agentes que estavam no local.
A Polícia Militar afirmou que os crimes
exibidos são cometidos de forma velada em ações encobertas, o que dificulta a
identificação dos autores. A PM afirmou que mantém o patrulhamento nas áreas
turísticas do Rio.
A Prefeitura de Mesquita afirmou que desconhece
e condena a prática de falsificação de documento de vacinação e que isso é caso
de polícia.
O Bioparque do Rio afirmou que segue o decreto
municipal e que permite o acesso com o comprovante de vacinação e um documento
com foto dos visitantes.
Por G1
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