Bolsonaro perde 93% de engajamento, após posicionamento pós eleições
A redução brusca no ritmo das
postagens e a falta de transmissões ao vivo reduziram o fôlego do presidente
Jair Bolsonaro nas redes sociais. Levantamento da consultoria Bites mostra que,
na comparação com o mês anterior, o chefe do Executivo teve uma queda de 93% em
suas interações (soma de curtidas, compartilhamentos e comentários) neste mês
no Twitter, Instagram e Facebook. A média diária, que era de 7,6 milhões em
outubro, passou a 487,7 mil.
Ontem, o presidente postou uma
foto sua nas redes, sem legenda — a publicação anterior no Twitter e Facebook,
por exemplo, havia sido no dia 16. O cenário era bem diferente antes da derrota
nas urnas, quando as publicações eram frequentes. Em outubro, levando-se em
consideração também YouTube e TikTok, a base de seguidores havia crescido 12,7%
(6,8 milhões de perfis a mais no conjunto). A ausência também teve impacto no
ritmo de aumento das contas que acompanham Bolsonaro — em novembro, a subida
foi de 6%, o equivalente a 3,6 milhões de seguidores. O presidente também
reduziu as aparições públicas — ontem à noite, esteve no jantar da bancada do
PL.
É um desânimo natural de parte
dos seguidores com a falta de interações dele nas redes sociais mais clássicas.
Tem um pouco de decepção e quebra de expectativa também. Os seguidores
esperavam que ele falasse sobre os protestos — explica o diretor-adjunto da
Bites, André Eler, referindo-se aos atos antidemocráticos que bolsonaristas vêm
fazendo desde dia 30 contra o resultado das eleições, primeiro bloqueando
estradas e, depois, na frente de unidades do Exército, pedindo intervenção
militar.
Como O GLOBO mostrou semana
passada, nem mesmo os pedidos de contestação do resultado das urnas engajaram a
base no Twitter. Atualmente, o presidente investe em publicações no Linkedin e
Telegram, canais que concentram poucos eleitores, em um tom institucional, o
que não engaja a militância.
Nos últimos dias, o momento que
conseguiu atrair mais internautas foi quando Bolsonaro rompeu o silêncio após
perder para Lula. Em 2 de novembro, o presidente publicou vídeo pedindo que
seus apoiadores desobstruíssem vias públicas. Essa mesma gravação foi replicada
no Instagram, Twitter e Facebook, redes que juntas somaram mais de 8,29 milhões
de interações.
De modo geral, as redes do
presidente não foram alimentadas nos últimos 30 dias. No Facebook, por exemplo,
foram cinco publicações, além da gravação. A principal diferença de engajamento
ficou com a transmissão do pronunciamento que ele fez para a imprensa no dia
1º, que ficou salva na rede social.
A plataforma em que mais publicou
foi o TikTok. No total, foram 17 vídeos antigos que passaram a ser veiculados
12 dias após o pleito. O esforço resultou em 900 mil seguidores e ajudou a
segurar as métricas.
No YouTube, onde o presidente
fazia lives semanais com atualizações do seu governo, o engajamento despencou.
Após a eleição, apenas o vídeo do dia 2 gerou mobilização — mais de 1 milhão de
visualizações. Os demais posts com notícias do governo, em que o presidente não
aparece, ficaram na casa dos 100 mil views.
LULA CRESCE
Já Lula cresce em ritmo constante
após ser eleito presidente. No mesmo período, o petista, seguindo o ritmo de
publicações pré-eleição, aumentou sua base em 16,3% com um ganho acima de
quatro milhões de seguidores.
No Instagram, por exemplo, fez 56
postagens. O primeiro tuíte após a vitória, em que veiculava a foto da sua mão
em cima da bandeira do Brasil, é o post mais curtido do Twitter, com 1,7
milhão. Desde então, o petista usa seus canais oficiais para informar sobre as
tomadas de decisão referentes ao governo de transição.
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